segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

25 de ABRIL/Sonho, Luta, Revolução e Esperança


(Comunicação no dia 7.12 na Conferência da Paz do CPPC e no dia 8.12.2013 na Convenção Democrática Nacional )

25 de ABRIL/Sonho, Luta, Revolução e Esperança
Voltámos a estar em guerra.

Abril vencerá porque Abril é o futuro.
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Houve 25 de Abril porque havendo ditadura, colonização, opressão, obscurantismo, repressão, demagogia, isolamento…um pesado policiamento das consciências. queríamos ser Livres, estar…em PAZ, contribuir, com plena cidadania, para a construção do nosso futuro…

Mas

Colonizados e colonizadores, interna e externamente, também houve 25 de Abril porque quisemos acabar com o infortúnio e cegueira duma guerra colonial. 

Todos os que não se sentiam bem…com este estado de coisas… fizeram o 25 de ABRIL.

Fomos um só povo: europeus e africanos. Os do Norte e os do Sul, do Litoral e do Interior:
                       A sentir em português o acto: REVOLTA...
                       A falar em português a palavra: LIBERDADE...

A guerra que travámos tinha várias espécies de “teatro de operações”:
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O teatro de operações não era só em África, na guerra colonial…era em toda a parte
                           onde se lutava,
                           onde se trabalhava
                           onde se sofria,
                           onde se aprendia,
                           onde se conspirava
                           onde se crescia…
                           onde se queria um 25 de Abril.

A guerra em que nos meteram “Portugal uno e indivisível “ isolou-nos ainda mais …Mas como há sempre verso e reverso, a dialéctica encarregou-se de nos colocar contemporâneos com o rumo de mudança e de concretizar o fim  da
ditadura opressiva de  quarenta e oito anos e  do colonialismo atávico de quinhentos anos.

 ”Libertámo-nos” duma prisão, dum isolamento e dum obscurantismo e quisemos, com os novos ventos da História, enfunar as velas de velhos navegantes rumo a outra Amizade e Cooperação entre os povos.

E…só assim foi possível o 25 de ABRIL

Portugal redimiu-se numa noite e fez surpreendentemente, dum conjunto de jovens militares, emergirem capitães, timoneiros do povo armado…mas também, sob a égide dum povo unido, erguer uma das mais belas alvoradas.

Nós capitães, anos após anos, constatámos que afinal o nosso inimigo não estava na mata tropical mas no Terreiro do Paço…Altas patentes militares e Governantes mentiam-nos sem pudor.
E foi, paradoxalmente, com os conhecimentos adquiridos nessa guerra, que soubemos preparar com profissionalismo e competência a tomada do poder.


Uma Alvorada libertadora, só por si, não faz uma Revolução…mas há Alvoradas que as fazem.  

Nesse dia, há 39 anos, o 25 de Abril sendo um Golpe Militar, organizado, trabalhoso e difícil, teve na estrondosa adesão popular a plataforma para um estado superior  : foi REVOLUÇÃO.

Ao povo, aos cidadãos… foi restituído o que era deles e por isso eles acorreram: a tomar nas suas mãos o que lhe era pertença:
-nas instituições;
-nas fábricas;
-nos bairros;
-nas escolas;
-na terra…no campo…na serra.
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Hoje, passados trinta e nove anos, o Portugal Democrático não devia já ter nada a ver com o Portugal da ditadura. Não queremos branquear o fascismo mas nos últimos anos infelizmente o 25 de Abril está a ficar distante.

Não confundamos os males de então com os dias extremamente difíceis de  “hoje”,  que já o eram “ontem” e têm vindo a sê-lo nesta caminhada.
Quiçá, terão mesmo alicerces numa data venerada pelos inimigos da Revolução, dum certo Novembro da nossa Primavera.

Os desencantos de hoje e respectivas frustrações nada têm a ver com o 25 de Abril.

Os desencantos de hoje e respectivas frustrações são fruto duma coligação de interesses e conjugação de factores internos e externos.

Às raízes antigas, outras se lhes vieram juntar.

Globalmente são resultado da essência e natureza dum sistema predador:

-Responsável pela miséria, pela fome e pela doença de milhões de seres humanos.
-Responsável pela depauperação de países e pela pilhagem de continentes.

Chama-se: “capitalismo”, com diversas alcunhas:
   -neo-liberalismo,
   -ultra-liberalismo global…
   -e até já, e só, simplesmente da curta palavra “mercado ”.

Em 25 de Abril quisemos que as pessoas, os portugueses participassem no futuro.
Quem deixou, quem permitiu (como e quando) que agora, nos dias de hoje, seja o MERCADO  e os seus tiranetes que mandem em nós ???
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Há anos que vimos afirmando que o sistema gera desumanas situações sócio-económicas, com uma aparente e ilusória contrapartida de progresso económico,

onde os ricos tem ficado cada vez mais ricos
e os pobres, cada vez, mais pobres.

Há muito que a economia social foi estrangulada e a vertente financeira (especulação) se sobrepõe à vertente produtiva (economia real). A Banca e a Finança a governar.
Esta é a essência da crise .
Infelizmente, é-o, há muito.

E o que é que isto tem a ver com o nosso 25 de Abril?? Perguntarão.

Tem tudo a ver.

Para nós Capitães de Abril, para a esmagadora maioria de nós, de todos nós, o verdadeiro 25 de Abril assentava numa base programática (o programa do MFA) com os direitos e os deveres do cidadão, dignos dum Estado-Social…e que, graças à luta dos progressistas, a Constituição da República Portuguesa viria a consagrar, em letra, em 2 de Abril de 1976.
Durante cerca de dois anos o MFA e os governos provisórios produziram quase 200 diplomas (Leis, DL e Portarias) que oficializaram as conquistas da Revolução…para alegria e satisfação popular.

Que País e que Estado-Social temos, 39 anos depois?

Há trinta e nove anos quisemos um país novo.
O programa do MFA deu o mote: descolonizar, democratizar e desenvolver. Ter PAZ, como necessidade intrínseca.

Tivemos muitos avanços e grandes recuos. Mas…

Que outra “guerra” ou outras “guerras” nos atormentam?

Dos marcos da Revolução Francesa : Liberdade, Igualdade e Fraternidade (Solidariedade), os poderes instalados só vibram com a Liberdade.
Mas onde andam a Igualdade, Fraternidade e a Solidariedade?
É que a Liberdade, anda de boca em boca, para que haja cada vez mais libertinagem para : “explorar”… “oprimir” … “mentir”…“manipular”.. A mentira e manipulação são a hipócrita bandeira na lapela dos governantes.

Sendo um país diferente :
-muitos sonhos ficaram por realizar,

-muitas situações de injustiça e iniquidade convivem connosco ainda hoje e agora!

-a gravíssima crise interna deve-se à coligação de interesses que nos tem desgovernado!

-e a crise internacional pretendem os poderosos curá-la exactamente com os mesmos falsos remédios que a criaram!

Voltámos a estar em “guerra”.E sabemos onde estão os inimigos.

Estando muito diferentes de há 39 anos, estávamos longe de pensar, que absurdos e negativos indicadores e comportamentos dos governantes hoje nos colocariam próximos duma bancarrota social e financeira, incentivada pelos especuladores agiotas e poderosos da banca e da finança internacional.

Quem nos conduz?

A esta austeridade suicidária geradora da continuada desaceleração da economia?
Ao exacerbar da pobreza?
À mais alta taxa de desemprego e aumento e generalização da precariedade?
À quebra dos salários, já dos mais baixos da União Europeia? À brutal redução das pensões dos reformados?
A uma despudorada e injusta carga fiscal?
Ao ataque ao direito ao trabalho digno e ao Estado Social com a grave redução dos legítimos direitos na saúde, na segurança social, na educação e na justiça?

Com esta política, Portugal tem vindo a empobrecer e as desigualdades têm vindo a aumentar exponencialmente.

Que se passa?
Desde o operário ao licenciado o português é bom profissional em todo o mundo! Que nos fazem ou deixamos que nos façam em Portugal.

E os sucessivos Governos que têm feito?
O 25 de Abril merece mais, merecia mais.
Merecia e merece outra Politica. Outra classe politica diferente da que tem detido o poder desde os Governos Constitucionais que infelizmente não tem sabido, em muitos momentos, estar à altura da grandeza da LIBERTAÇÃO de ABRIL.

Em 37 anos os sucessivos governos constitucionais têm-se mostrado reféns e amarrados a várias grilhetas internas e externas:

a)-Dentro do País/Internamente, prisioneiros:

*-de uma cultura “de poder pelo poder” em vez “do poder pelas pessoas, pelas nossas gentes” e de uma cultura da mentira e da manipulação.

*-da criação de clientelas e de elites sôfregas por lugares ao sol…e que por aí vão propagando formas de estar e de vivência nada condizentes com o espírito de Abril.

*-do asfixiar das responsabilidades cívicas e dos direitos de participação e da cidadania activa que Abril abriu.

*-do prodígio da incompetência e de estratégia de suicídio…que o mais pessimista de nós nunca esperaria após o25 de Abril.

*-da ilusão de alternativas salvadores mas que apenas têm escondido o papel de afundadores do País de Abril, repetindo e alternando a farsa a que se entregaram nesta quatro décadas subvertendo na prática as normas, os fundamentos e as linhas orientadoras da Constituição  de 1976 e ,pasme-se, até querendo atribuir-lhe, a ela e ao TC, os males do País.

*-pela incapacidade de desmontar uma intensa ofensiva ideológica levada a cabo pelos órgãos de comunicação, propriedade do grande capital, cujo objectivo tem sido criar condições favoráveis à continuação da política dos poderosos e à desqualificação da vida dos trabalhadores.

*do enfraquecimento propositado do aparelho de estado para justificar contratações milionárias a privados.

*-da corrupção, da apropriação, assalto e esbulho aos bens, que supostamente deveriam estar ao serviço de todos os cidadãos, mas têm servido para a criação de coutadas geradoras de lucros e escandalosas remunerações e prémios anuais recordes do mundo .

*Reféns, pecado maior, do mando dos grupos financeiros e económicos nacionais, a cuja subordinação, esta nossa democracia já compete com os piores tempos da ditadura.

b)-Lá fora/Externamente,reféns

*-duma débil e falsa União Europeia (um gigante de pés de barro)para onde partimos (em 1986) apenas com dez anos de democracia e com um estrondoso atraso estrutural económico (herdado da ditadura) que só por si merecia, como muitos avisaram, outro tipo de negociações, outras cautelas, leviana e festivamente, desprezadas.

*-da incapacidade de fazer valerem os pontos de vista nacionais, submissos à abdicação e imposição que nos fragilizaram em sectores económicos vitais (como nas pescas, na indústria e na agricultura…) entre outras malfeitorias semelhantes.

*-à cegueira de não perceber que a crise internacional teve responsáveis…os mesmíssimos que agora a querem curar à custa dos mais fracos e do sacrifício da classe que foi sempre a sacrificada:a classe trabalhadora.

*-cúmplices da ignorância do que tem acontecido aos povos que recorreram à designada “ajuda externa” que não é mais do que um “eufemismo” porque significa tudo menos ajuda. É exploração, é especulação, é ingerência…de agiotas, do mercado usuário.

*-duma lógica de integração capitalista que é o aumento da acumulação e concentração de capital dos grandes conglomerados  de empresas, dos monopólios dos países mais ricos  e desenvolvidos que não só engordam à custa do saque dos países do terceiro mundo, como também dos países menos desenvolvidos da U.E..

*-de não perceber que as ditas crises financeiras resultam das crises do capitalismo e baseiam-se sempre na sobre-acumulação de capital na esfera da produção. Não perceber que perante as crises ou impasses o capital monopolista irá tornar-se mais agressivo, predatório e sem escrúpulos, intensificando a exploração dos trabalhadores. O objectivo é a redução do custo da força do trabalho.

*-de não perceber ou ser cúmplices de que nenhum pacto, mecanismo ou programa de estabilidade, poderá, só por si, debelar a crise ou resolver as contradições do capitalismo, como ataque selvagem e bárbaro do capital contra os direitos e vida dos trabalhadores, das camadas populares e dos jovens.

*-de não compreender que com a continuação das politicas e dos comportamentos ,que teimosamente o Capital impõe ( perante o qual se têm vergado os responsáveis portugueses)…com a continuação dessas políticas o desemprego, a pobreza, e as contradições entre os estados-membros da U.E. irão aumentar, com graves consequências para os povos.

*-não entender que a escalada de ataques anti-populares atingirá todos os estados membros da U.E. porque o Capital Monopolista quer é reduzir o custo da força do trabalho, o seu objectivo fulcral é reforçar a competitividade não só em relação aos EUA, mas também em relação às forças emergentes como China, Índia e outras, com mão de obra muito mais baixa… a questão dos défices e dos endividamentos pode ser apenas e tão somente uma cortina de fumo.

Nada disto tem a ver com o que deu razão e motivou o 25 de Abril….
Tudo isto é contrário ao que aliança POVO-MFA queria, na alvorada libertadora…e afasta-se da Constituição mesmo com as sete alterações já impostas.

É essa política, imposta pelo exterior e acarinhada pela contra-revolução - não raras vezes,executada em frontal desrespeito pela Constituição da República, fora da lei Fundamental do País, de há dois anos para cá, sob a batuta da troika ocupante -  a única responsável pelo estado de desgraça a que Portugal chegou.
É essa política de ódio a Abril que urge derrotar e substituir por um política de sentido oposto, logo inspirada nos valores de Abril.
Por isso iremos comemorar os 40 anos de Abril. Por isso os comemoraremos em luta. Com a firme convicção de que é nos valores de Abril - nas suas conquistas políticas, sociais, económicas, culturais, civilizacionais - que se encontra a solução para os muitos e graves problemas criados pelos governos e pelas políticas da contra-revolução internas e externas.

Em 25 de Abril quisemos que as pessoas, os portugueses participassem no futuro.
Fizemos pontes para o futuro.
O poder hoje instalado “quer fazer do amanhã pontes para o passado”.
Quer regredir aos tempos de antes da revolução francesa.
Quer o empobrecimento de todos nós para que um por cento mande em noventa e nove por cento da humanidade. A austeridade é apenas um instrumento duma estratégia. Querem que se caia num “feudalismo moderno”.

Não deixaremos.

Com a certeza de que a conquista de tal solução depende, no essencial, da luta dos trabalhadores e do povo.
Com os trabalhadores e o povo, com a intervenção organizada de todos os homens, mulheres e jovens identificados com os valores de Abril, conquistaremos um rumo novo para Portugal.

Abril vencerá! Porque Abril é o futuro.

A luta continua e com ela continuará sempre…o sonho, a revolução e a esperança: que fizeram Abril, que deram força a Abril.

Tal como há 39 anos. Tal como durante 39 anos.

Há vitórias e derrotas nas constantes batalhas da Vida...[ já dizia B.Brecht ] mas a grande Vitória é continuar a lutar...a lutar pela paz, igualdade e justiça social.A lutar pelos valores de Abril e suas conquistas da Revolução.

“Sejamos realistas desejando o impossível.” Para além de Maio de 68.

Todos nós somos parte da solução.

Repetimos

Abril vencerá! Porque Abril é o futuro.


Manuel Duran Clemente,Coronel Ref.
[Cap. de Abril]

Membro da Presidência do Conselho Português Paz e Cooperação e vogal da Direcção da ACR/Associação das Conquistas da Revolução. Membro do Grupo de Reflexão da Associação 25 de Abril.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

NELSON MANDELA

Até sempre Nelson Mandela.


Até já MADIBA....                                           6 de Dezembro 2013

Os heróis não morrem e muito menos a sua obra construída com o suor da sua luta!!!



NELSON MANDELA-"Devemos promover a coragem onde há medo , promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero."




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