sexta-feira, 1 de maio de 2015

                         É  O   IMPÉRIO, estúpidos

[Um lucido texto de João Varela Gomes aos 91 anos]

       Este pequeno Portugal de prosápias imperiais até 1974 –Império Colonial, Ultramarino, ou o que então mais conviesse – não se mostra  minimamente preocupado pelo facto da Europa e grande parte do mundo estar agora – nesta  década 2 do séc. XXI - subjugado por uma potência imperial capitalista liderada pela dupla USA/NATO; a qual  não esconde a sua ambição para o domínio universal (global, como dizem) em próximo futuro. Sim, parece um retorno aos tempos da loucura nazi/hitleriana nos anos 30 do século passado e  da medonha tragédia que provocou.
Sobre impérios antigos, mesmo remotos, toda a gente ouviu falar desde a escolaridade básica. Começando pelo Império Romano que  submeteu (conquistou) toda a Europa, desde a Península Ibérica ao Mar Negro; depois por cá dominaram  durante largo período os visigodos e outros “bárbaros”vindos do Norte, seguindo-se os árabes que foram sendo repelidos para África pela emergência de um novo poder também ele com ambições universais: a Cristandade. Com efeito, a conversão à fé cristã do esgotado império romano representou a transferência para  Igreja Cristã da herança imperial de uns exaustos imperadores.
Porém, quanto ao actual e presente Império Capitpercepcionar o mundo.... obedecendo como carneiros, sem tugir nem mugir.



alista USA/NATO, quem nunca se apercebeu -ou sofreu- a sua natureza maléfica .... é apenas estúpido/insensível, ou um miserável “colaboracionista”com os seus agentes/lacaios  acantonados nos partidos do “arco do poder”? Ambas as coisas, seguramente. Na primeira fila, para levar com a invectiva na fronte, está a chusma dos opiniocratas  derivados e afins, que opinam todos os dias/horas ensinando ao povo como deve
 Ora sucede algo curioso com a palavra/conceito império: no linguarejar politicamente correcto (neo-liberal) império houve, há e haverá só um e mais nenhum: o império soviético/comunista/russo; quanto ao mundo capitalista ocidental, aí usa-se o sofisma globalização. A opinião pública/política portuguesa segue caninamente His Masters Voice; toda e qualquer iniciativa do imperialismo americano/nato está de antemão aplaudida como um avanço do “mercado global, livre e democrático”. Seja a invasão do Iraque, ou a destruição da Líbia com os respectivos assassinatos; o desmembramento dos Balkans,  com o fomento dos ódios étnicos/religiosos, guerras civis, aviação americana a bombardear uma capital histórica europeia (Belgrado). E continua. O próximo alvo, provavelmente atómico, já está designado: o Iran, a antiga Pérsia; por lá passou o “globalizador” Alexandre (mas teria ido só para abrir o mercado democrático dos tapetes persas?).
Ainda outro pequeno pormenor escapa aos nossos sagazes escamoteadores do império usa-nato. Nada mais nada menos, que a participação militar portuguesa nas suas forças de agressão/ ocupação. A eito: um batalhão em permanência no Kossovo (inventado país nos Balkans); destacamentos diversos no Afeganistão,Iraque,África, etc; fragatas em permanência no Índico; provocações nas fronteiras a expandir (já este ano , na Lituânia frente à Rússia). Desde quando? Quem paga? Ah! Iso sabemos:o contribuinte português.
            Um outro aspecto importante também suscita unânime indiferença por parte da classe político/comentadora cá da aldeia. Trata-se da questão ideológica; isto é, qual o modelo de sociedade que o império capitalista américo-nato está querendo impôr ao globo terráqueo por milénios a porvir. Ora, é exactamente esse modelo, aquele que os obedientes governos constitucionais andam servilmente a procurar cumprir e mesmo exceder. Eles próprios (1ºMin.) assim o proclamam como vassalos sem vergonha.
Mas então, como se compreende  o silêcio geral – qual tabu- sobre a questão ideológica em vésperas de eleições? Nomeadamente da esquerda, em sentido lato; ou seja, dos adversários, dos espoliados/roubados, das vítimas em geral da governança neo-liberal? Sob tutela de agentes capitalistas ?
      Aliás, os apelos ao FMI começaram logo em 1983, com o 1º Governo constitucional de M.Soares, min. das Finanças Medina Carreira  (esse mesmo, agora comentador avençado  TV). O dinheiro já escasseava. Os governanes socialistas faziam via de sátrapas. Ficaram famosas as viagens sumptuosas pelo mundo   
 com comitivas de luxo real. A Dívida Pública – esse espectro que assombra a II República até ao presente descalabro – tornou-se o penhor da nossa subserviência.
          A porca da Dívida foi engordando a cada sucessivo governo  do “arco do poder”- PSD, PS, CDS. Há quem lhes chame –apropriadamente- os três porquinhos na pocilga da política. Claro, que porcos e porquinhos de barriga cheia, não apreciam  a ração  ética/ideológica. Antes pelo contrário. Mais uma razão –uma excelente razão- para lhes atirar com pázadas para cima, nas campanhas eleitorais .....e constantemente.
         Mas para isso, para que todos os que abominam o Império Capitalista possam sustentar um debate/combate vitorioso no campo ideológico, é   imprescindível   “Conhecer o Inimigo”: seu programa, doutrina, ideologia, etc.  Pois parece que no séc. XXI, políticos, politólogos e politiqueiros (não só nacionais), foram novamente apanhados de surpreza – agora pela globalização e pelo neo-liberalismo. Hipocrísia e/ou estupidez, como sucedeu no séc.XX em relação ao fascismo e ao nazismo hitleriano.        Procurando apagar  cobardias e traições, a futura colaboração com o império vencedor, com  credores onzeneiros, com os agentes e agências capitalistas. Eureka!!  È isso mesmo! A figura do colaboracionista com o ocupante nazi no período da 2ª Guerra Mundial, aplica-se perfeitamente a esta choldra abjecta de oportunistas sem honra, que vem governando o Protectorado Português desde Nov 1975.           

Termino, recomendando aos sinceros inimigos/adversários do Império Global Capitalista a leitura da obra (1996) de dois jornalistas alemães do Der Spiegel na edição port. Terramar  1998, intitulada “A Armadilha da Globalização” - O Assalto à Democracia e ao Bem-Estar Social  -A Sociedade dos 2/10 - etc
 Chamo também a atenção - pasmem, ó gentes – para o livro mais vendido (milhões, dizem eles) de casal Milton Friedman e sua esposa Rose, evangélicos oráculos do neo-liberalismo. O título é “Liberdade para Escolher” , a edição/tradução da “Lua de Papel -2012, Prefácio de João C. das Neves. Um mimo! Estão lá, quase ipsis verbis , todos os programas, orçamentos, reformas, etc. do PSD supostamente português. Mas o que dá maior gozo é lá encontrar  a mão invisível como a explicação científica de toda a doutrina neo-liberal. Os estúpidos nem duvidaram que a metáfora de Adam Smith no Séc. XVIII fosse uma blague irónica. Pois é essa a minha percepção; pela qual assumo direitos de autor e em respeito pela inteligência do fundador do moderno liberalismo. Encobrindo (maliciosamente) com uma imaginària mâo invisivel  o essencial fermento do Capitalismo:   A CORRUPÇÃO  

                                  Lisboa,  Abril 2015-04-27
                                                Fez)
                                            J, Varela Gomes,cor.ref