segunda-feira, 16 de março de 2015

Ainda o 16 de Março de 1974

Ainda …o 16 de Março contado por Otelo Saraiva de Carvalho.

Ainda …o 16 de Março contado por Otelo Saraiva de Carvalho.



Nos 30 Anos do 25 de Abril realizaram-se jornadas de Reflexão, em Oeiras .Durante o dia de 25 de Março de 2004 no Teatro Eunice Muñoz, houve três sessões, como os  seguintes temas e intervenientes.:

1 º Painel-Conspiração-Vasco Lourenço, Duran Clemente e Aprígio Gonçalves.
2 º Painel-Acção Militar-Otelo Saraiva de Carvalho, Garcia dos Santos e Costa Neves
3 º Painel-Pós-25 de Abril- Victor Alves, António Reis e Romano Pires

Descrevo isto, para esclarecimento de alguns,para quem esta "operação"ainda é um mistério, o que sobre o 16 de Março foi relatado por Otelo Saraiva de Carvalho, gravado e transposto  no Livro: "OS 30 ANOS DO 25 DE ABRIL", editado pela Casa das Letras (ex-Editorial de Noticias): [ MDC]

Página 92 ,​​Linha 15
Diz Otelo: "Falar sobre a acção do 25 de Abril é um pouco como as telenovelas: um episodio começa  sempre com cenas do episódio  anterior. E eu, assim, vou repegar na questão do 16 de Março. De facto, eu estive no 16 de Março. O coronel Marques Ramos dizia que devia estar na mesa alguém que tivesse participado no 16 de Março. E AQUI ESTOU EU "...

" Vou retomar duas intervenções: uma do Manuel Duran Clemente e outra do  José Novo.”

“O Duran Clemente disse-nos que, na Guiné, quando se deu a despedida dos então majores Casanova Ferreira e Monge, o pessoal da Guiné ficou com uma absoluta convicção de que eles regressavam a  Lisboa para fazer qualquer coisa, para levar por diante uma acção, de que vinham com essa ideia fisgada, de que as coisas estavam muito paradas e era preciso  agir. "

Página 93,Linha 7

Diz Otelo : "A questão que foi colocada por Duran Clemente dá-nos  outra justificação para o 16 de Março: tendo regressado da Guiné, de facto, com a ambição de fazer qualquer coisa, de romper com um situação, o Casanova Ferreira  vai exercer sobre MIM UMA PRESSÃO ENORME  "...

Entre a pagina 93 e a página 99 (vou fazer um resumo do que é dito de mais importante):

Otelo conta das reuniões em casa de Casanova Ferreira, primeiro no Algueirão, no dia 12 de Março, com tenentes e oficiais das Escolas Práticas e outros do RI5-Caldas e do RALIS-Lisboa. Depois  e já à tarde na casa do Casanova mas de Lisboa .... "alinhámos num folhinha de papel A5, uma pequena Ordem de Operações(!) em que intervinham quase só as Escolas Práticas .. Não havia transmissões, não havia nada. "
Então, continua dizendo Otelo: na sequência dessa reunião arrancou,no dias seguinte, para Santarém ... Teve uma reunião em Casa do Capitão Bernardo. Este interrogou? "A ordem vem assinada pelo general Spínola?” Perante uma resposta negativa, respondeu: “Ah então nós, Escola Prática, não entramos, fica já ponto assente.” (Salgueiro Maia estava de Serviço no aquartelamento).

Mais é ainda referido por Otelo: n'uma reunião, ainda ao fim dessa tarde no Dafundo com representantes do Corpo de Paraquedistas, com a presença de Garcia dos Santos e Moreira Azevedo,o paraquedista capitão Avelar de Sousa perante a má qualidade da Ordem de Operações acabou por também se recusar a avançar.

Otelo, acaba esta parte, dizendo: "posto isto parecia  termos desistido, mas não."

Depois  da exoneração de Costa Gomes e António Spínola  (14 de Março) são desafiados por Lamego (CIOE). O capitão Ferreira da Silva afirma “vamos avançar sobre o Porto”.

Então Casanova Ferreira dá ordens. Manda Otelo arranjar tropas em  Mafra (EPI) e em Vendas Novas (EPA). Estando Presente o major Marques Ramos (que nesta sessão, trinta anos depois, manifestou a sua indignação contra a forma como estas acções foram planeadas).Diz-lhe Casanova: “tens malta amiga no RI5/Regimento das Caldas ficas incumbido de ir lá e trazer uma coluna”. Por sua vez Casanova prontifica-se ir a Santarém e trazer outra companhia. Manuel Monge ficaria em Lisboa como coordenador das acções…pelo telefone ...

Conta Otelo: "despedimo-nos e arrancámos ...."

“Rumei a casa do Victor Alves, (da Direcção Operacional do MFA) pois o Vasco Lourenço já estava nos Açores, e expliquei-lhe a situação. O Victor Alves ficou alarmadíssimo e disparou “ISSO É UMA BRONCA “.” Mas Como é que isso pode acontecer assim à revelia do Movimento? "  …” Isso é uma bronca" ...
"E eu" ... (Diz Otelo) ... "Pois é mas eu estou metido nisto até aos gorgomilos, paciência, vou arrancar nesta aventura e vamos ver o que isto vai dar? ..."

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QUEREM QUE CONTE MAIS? Pergunto agora eu, [MDC]

Não Vale a pena o resto é o que se sabe e é mais ou menos público ... na EPI-Mafra ,Otelo  não encontrou tropas, e na EPA-Vendas Novas  a mesma coisa.. Era fim de semana .
Casanova não teve melhores resultados. Também ninguém o satisfez em Santarém.

Só saiu o RI5/Regimento de Infantaria nº 5 das Caldas da Rainha chegando quase à portagem da AE de Lisboa. Para onde Otelo terá ainda tentado dirigir-se para evitar mais sarilhos. Foi em vão.

No dia seguinte Otelo apresentava-se na Academia Militar onde era instrutor.E depois ouviu das boas da direcção e da coordenadora do MFA.Vasco Lourenço e Melo Antunes estavam já nos Açores.Foram presos uns quantos militares em Caxias....

PARA QUEM TENHA DÚVIDAS O MELHOR É COMPRAR ESTE LIVRO OU PEDI-LO EMPRESTADO .

Justificação esfarrapada ou talvez não : impedir a exoneração de Costa Gomes e Spínola ... que até já tinham sido exonerados ... a 14 de Março. Ou recolocá-los nos seus lugares de chefia anteriores.

 * Manuel Duran Clemente [MDC] (citações do Livro E COMENTÁRIOS MEUS)

PS.....O falhanço das Caldas não tem nada a ver com o 25 de Abril que estava em preparação há alguns meses e foi preparado com um plano bem elaborado por vários militares de especialidades diferentes,destacando Garcia dos Santos ;na especialidade de comunicações.A Otelo foi dada a coordenação da acção a partir do Regimento de Engenharia 1 ,na Pontinha,onde estavam uns bons dez ou mais oficiais, coadjuvando essa mesma coordenação.Alguns est...udiosos admitem que esta tentativa burlesca e patética de golpe era uma antecipação de Spínola sobre aos verdadeiros capitães de Abril, em Portugal e na Guiné-Bissau,onde no 25 de Abril houve acções com o sucesso conhecido.Há muitos relatos fidedignos sobre estes acontecimentos.Otelo já contou o disparate em que se meteu com a pressão dos militares Spinolistas Casanova Ferreira e Manuel Monge chegados de Bissau no dia 5 de Março. Eu avisei o MFA como Otelo e bem testemunha."MDC
«Ainda o 16 de Março.....
«Desculpa Fontão,sabes bem que tenho razão e que nada do que disse põe em causa a vontade dos nossos camaradas derrubarem o sistema .Só como disse Vitor Alves ao Otelo o que ele ,o Casanova e o Monge (vindos das nossas reuniões clandestinas de Bissau)estavam a preparar era uma perfeita traição ao Movimento.E disso não esqueceu o Ramos que ,sendo enganado, saiu das Caldas e 30 anos depois estava furioso neste colóquio de Oeiras [(2004 ver livro editado por Manuel Barão da Cunha/C.M de Oeiras) ,onde,salvo erro não estiveste....]furioso com Otelo...cujos disparates lhe deram condecoração neste país das meias tintas e da improvisação....felizmente o plano de acções de Otelo num quarto de uma folha A4(no 16 de Março) no qual EPC,Fuzileiros ,EPI e EPA não acreditaram foi substituido por um plano de operaçõe competente feito por um conjunto mais alargado de capitães e majores para as operações da noite de 24 para 25 de Abril coordenadas como já referi a partiir da Pontinha.Não vale a pena ,e nisso somos hábeis, em proteger asneiras ou escamotear parvoíces.Eu das que Otelo cometeu não deixo passar nenhuma em branco....e a que mais me magoa é a sua aliança ao grupo dos nove e a carta estupida a Vasco Gonçalves.Claro que sei que vocês -anticomunistas-(de vários graus) sempre acharam muita graça a Otelo...eu e muitos capitães de Abril...nem tanto!!!!A verdade é a verdade.....A acção do BC5 no dia 25 de Maio estava insirida no plano bem organizado e treinado para ocupar o Quartel General em Lisboa ...não tem nenhuma relação com a aventura patética do 16 de Março,o que não significa como já disse termos todos apreço pelos militares que sairam enganados com ideia de derrubar o sistema.Mas foi um erro e uma acção burlesca como Otelo contou e está no livro referido.Eu não estou a fazer juízos subjectivos.MDC.
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