É O
IMPÉRIO, estúpidos
[Um lucido texto de João Varela
Gomes aos 91 anos]
Este pequeno Portugal de prosápias imperiais até 1974 –Império
Colonial, Ultramarino, ou o que então mais conviesse – não se mostra minimamente preocupado pelo facto da Europa e
grande parte do mundo estar agora – nesta década 2 do séc. XXI - subjugado por uma
potência imperial capitalista liderada pela dupla USA/NATO; a qual não esconde a sua ambição para o domínio
universal (global, como dizem) em próximo futuro. Sim, parece um retorno aos
tempos da loucura nazi/hitleriana nos anos 30 do século passado e da medonha tragédia que provocou.
Sobre
impérios antigos, mesmo remotos, toda a gente ouviu falar desde a escolaridade
básica. Começando pelo Império Romano que
submeteu (conquistou) toda a Europa, desde a Península Ibérica ao Mar
Negro; depois por cá dominaram durante
largo período os visigodos e outros “bárbaros”vindos do Norte, seguindo-se os
árabes que foram sendo repelidos para África pela emergência de um novo poder
também ele com ambições universais: a Cristandade. Com efeito, a conversão à fé
cristã do esgotado império romano representou a transferência para Igreja Cristã da herança imperial de uns
exaustos imperadores.
Porém, quanto ao actual e presente Império Capitpercepcionar o mundo....
obedecendo como carneiros, sem tugir nem mugir.
alista USA/NATO, quem nunca se apercebeu -ou sofreu- a sua natureza maléfica .... é apenas estúpido/insensível, ou um miserável “colaboracionista”com os seus agentes/lacaios acantonados nos partidos do “arco do poder”? Ambas as coisas, seguramente. Na primeira fila, para levar com a invectiva na fronte, está a chusma dos opiniocratas derivados e afins, que opinam todos os dias/horas ensinando ao povo como deve
Ora sucede algo curioso com a
palavra/conceito império: no
linguarejar politicamente correcto (neo-liberal) império houve, há e haverá só
um e mais nenhum: o império soviético/comunista/russo; quanto ao mundo capitalista
ocidental, aí usa-se o sofisma globalização.
A opinião pública/política portuguesa segue caninamente His Masters Voice; toda e qualquer iniciativa do
imperialismo americano/nato está de antemão aplaudida como um avanço do
“mercado global, livre e democrático”. Seja a invasão do Iraque, ou a
destruição da Líbia com os respectivos assassinatos; o desmembramento dos
Balkans, com o fomento dos ódios
étnicos/religiosos, guerras civis, aviação americana a bombardear uma capital
histórica europeia (Belgrado). E continua. O próximo alvo, provavelmente
atómico, já está designado: o Iran, a antiga Pérsia; por lá passou o
“globalizador” Alexandre (mas teria ido só para abrir o mercado democrático dos
tapetes persas?).
Ainda outro pequeno pormenor escapa aos
nossos sagazes escamoteadores do império usa-nato. Nada mais nada menos, que a
participação militar portuguesa nas suas forças de agressão/ ocupação. A eito: um
batalhão em permanência no Kossovo (inventado país nos Balkans); destacamentos
diversos no Afeganistão,Iraque,África, etc; fragatas em permanência no Índico; provocações
nas fronteiras a expandir (já este ano , na Lituânia frente à Rússia). Desde
quando? Quem paga? Ah! Iso sabemos:o contribuinte português.
Um
outro aspecto importante também suscita unânime indiferença por parte da classe
político/comentadora cá da aldeia. Trata-se da questão ideológica; isto é, qual
o modelo de sociedade que o império capitalista américo-nato está querendo
impôr ao globo terráqueo por milénios a porvir. Ora, é exactamente esse modelo,
aquele que os obedientes governos constitucionais andam servilmente a procurar
cumprir e mesmo exceder. Eles próprios (1ºMin.) assim o proclamam como vassalos
sem vergonha.
Mas então, como se compreende o silêcio geral – qual tabu- sobre a questão
ideológica em vésperas de eleições? Nomeadamente da esquerda, em sentido lato; ou
seja, dos adversários, dos espoliados/roubados, das vítimas em geral da
governança neo-liberal? Sob tutela de agentes capitalistas ?
Aliás, os
apelos ao FMI começaram logo em 1983, com o 1º Governo constitucional de
M.Soares, min. das Finanças Medina Carreira
(esse mesmo, agora comentador avençado
TV). O dinheiro já escasseava. Os governanes socialistas faziam via de
sátrapas. Ficaram famosas as viagens sumptuosas pelo mundo
com comitivas
de luxo real. A Dívida Pública – esse espectro que assombra a II República até
ao presente descalabro – tornou-se o penhor da nossa subserviência.
A
porca da Dívida foi engordando a cada sucessivo governo do “arco do poder”- PSD, PS, CDS. Há quem
lhes chame –apropriadamente- os três porquinhos na pocilga da política. Claro,
que porcos e porquinhos de barriga cheia, não apreciam a ração
ética/ideológica. Antes pelo contrário. Mais uma razão –uma excelente
razão- para lhes atirar com pázadas para cima, nas campanhas eleitorais .....e constantemente.
Mas
para isso, para que todos os que abominam o Império Capitalista possam sustentar um debate/combate vitorioso no
campo ideológico, é imprescindível “Conhecer o Inimigo”: seu programa, doutrina,
ideologia, etc. Pois parece que no séc.
XXI, políticos, politólogos e politiqueiros (não só nacionais), foram novamente
apanhados de surpreza – agora pela globalização e pelo neo-liberalismo.
Hipocrísia e/ou estupidez, como sucedeu no séc.XX em relação ao fascismo e ao
nazismo hitleriano. Procurando
apagar cobardias e traições, a futura
colaboração com o império vencedor, com
credores onzeneiros, com os agentes e agências capitalistas. Eureka!! È isso mesmo! A figura do colaboracionista com
o ocupante nazi no período da 2ª Guerra Mundial, aplica-se perfeitamente a esta
choldra abjecta de oportunistas sem honra, que vem governando o Protectorado
Português desde Nov 1975.
Termino, recomendando aos sinceros inimigos/adversários
do Império Global Capitalista a leitura da obra (1996) de dois jornalistas
alemães do Der Spiegel na edição
port. Terramar 1998, intitulada “A
Armadilha da Globalização” - O Assalto à Democracia e ao Bem-Estar Social -A Sociedade dos 2/10 - etc
Chamo também a
atenção - pasmem, ó gentes – para o livro mais vendido (milhões, dizem eles) de
casal Milton Friedman e sua esposa Rose, evangélicos oráculos do
neo-liberalismo. O título é “Liberdade para Escolher” , a edição/tradução da
“Lua de Papel -2012, Prefácio de João C. das Neves. Um mimo! Estão lá, quase ipsis verbis , todos
os programas, orçamentos, reformas, etc. do PSD supostamente português. Mas o
que dá maior gozo é lá encontrar a mão invisível como a explicação
científica de toda a doutrina neo-liberal. Os estúpidos nem duvidaram que a
metáfora de Adam Smith no Séc. XVIII fosse uma blague irónica. Pois é essa a minha percepção; pela qual assumo
direitos de autor e em respeito pela inteligência do fundador do moderno
liberalismo. Encobrindo (maliciosamente) com uma imaginària mâo invisivel o essencial fermento do Capitalismo: A CORRUPÇÃO
Lisboa, Abril 2015-04-27
Fez)
J,
Varela Gomes,cor.ref
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