A25A ANIMADOS ALMOÇOS com CARLOS do CARMO 28 de Maio de 2014
quarta-feira, 28 de maio de 2014
ANIMADOS ALMOÇOS com CARLOS do CARMO A25A
A25A ANIMADOS ALMOÇOS com CARLOS do CARMO 28 de Maio de 2014
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Simplesmente GUERRA ! A operação "nó górdio"do século vinte e um!
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sábado, 24 de maio de 2014
João Varela Gomes 90 anos,muitos amigos
João
Varela Gomes
90
anos,muitos amigos
“Semente do nosso
Abril, germinando o cravo, Revolução”.
Querido
Amigo
É “preciso tempo para
nos tornarmos jovens”, alguém disse. Pois apesar dos teus 90 anos que hoje
comemoramos continuas viçoso guerreiro, militante por uma sociedade igualitária
e justa.Sempre o foste esse cavaleiro empunhando a lâmina da tua espada, com a
dimensão plana do nosso Alentejo e o seu punho representando a cruz das gentes
sofridas, na elevação da sua dignidade, tão profusamente por ti defendida!
Submissão,nunca.Nunca
soubeste o que é.
Camarada,companheiro,comandante.
Querido
Amigo.
“Semente do nosso
Abril,germinando cravos,Revolução”.É a tua vida.
Falar dela? Como?Se ela
fala por ti.
É a vossa vida: Maria
Eugénia e João Varela Gomes.Indissosiáveis.Vidas que falam por vós.
Nas batalhas que ambos travaram,
na dor e sofrimento,anos e anos, na incansável e indestrutível missão de libertar
Portugal do fascismo e do árduo combate aos ímpetos retrógrados e saudosistas
para dignificação das suas gentes agrilhoadas.
Mas vamos a alguns factos
relevantes.Depois de terem trabalhado afincadamente na candidatura de Humberto
Delgado em 1958, João Varela Gomes e Maria Eugénia (esta, fazendo a ligação entre militares e civis)
estiveram profundamente ligados à conspiração da Sé em 1959.
Precedendo, os
acontecimentos de Beja, em 1961, o então Capitão Varela Gomes e outros
oposicionistas, promovem uma candidatura para deputados à então Assembleia
Nacional.Pela forma hábil,como fez o pedido,Varela Gomes foi curiosamente
autorizada pelo próprio ditador. Na campanha, entre os empolgantes comícios
realizados no distrito de Lisboa, ficou célebre o comício realizado no Teatro
da Trindade, onde com toda a sua coragem e frontalidade incentivou os presentes à revolta, levando-os ao rubro.
No no final desse ano João
Varela Gomes foi o comandante militar no histórico assalto ao quartel de Beja,
na noite de passagem para o ano de 1962.Ferido gravemente, a acção revolucionária
não teve êxito. Entre a vida e a morte saiu vitorioso. Só seria julgado dois
anos depois, não em Tribunal Militar, mas no “tristemente célebre Plenário”, Tribunal
da Boa Hora ( primeiro caso na história da instituição militar). No seu
julgamento, faz um depoimento (previamente decorado) que só por si o define
como um homem de invulgar integridade e de amor à sua causa.Contra a vontade do
seu advogado,como disse Maria Eugénia em entrevista: «ele foi para tribunal instigar que outros fizessem o que eles tinham
feito. Instigar à revolta. E falou de Salazar de uma maneira que nem queiram
saber…foi uma coisa de arromba!» Condenado a seis anos de prisão maior,
quiseram lhe impor a lei especial, de contar por metade o tempo de reclusão
anterior/preventiva. Face aos apelos e
perante a visita do Papa, em 1967,acabaria por ser alterada esta disposição.A
sentença é cumprida: três anos, entre a Penitenciária e o Aljube (em Lisboa) -
sempre isolado, sempre vigiado - e os restantes três no Forte de Peniche. Nesse
julgamento, a seu lado, como ré, esteve também Maria Eugénia, condenada a 18
meses, que já cumprira, na prisão de Caxias, onde,instigada a denunciar,
resistiu estóicamente: à tortura de
sono, na sede da PIDE,e de imediato a três meses de isolamento, na referida prisão.Nunca
falou.
João Varela Gomes, no forte
de Peniche, onde esteve três anos, diz ter recebido dos seus companheiros de
prisão o melhor acolhimento ao que correspondeu com uma profunda admiração e enorme
respeito por eles. Sempre os viu como homens sérios,cultos e empenhados na
mesma luta e a padecer por ideais.Saiu
de Peniche em 1968,recebido pelos seus - mulher e filhos – no amanhecer dum dia
especial. Diz Maria Eugénia que lhe viu “verter
algumas lágrimas de comoção. Não era possível sair dali, dignamente, deixando
atrás de nós tanta gente a penar em condições duríssimas.”
…………………………………………………………………………….
Iniciam nova fase.Com
quatro filhos menores. Tiveram a solidariedade de muitos e as dificuldades
inerentes de sustentar um família não pequena.Proibido de actividade política, João
varela Gomes vê Maria Eugénia encarregar-se dessa acção. Activista na Frente Patriótica
de Libertação Nacional e na Comissão
Nacional de Socorro aos Presos Políticos. A sua acção foi sempre de enorme
empenhamento e elevado dinamismo. Tendo participado na campanha eleitoral da
CDE em 1969, é presa pela PIDE durante uma semana, apenas por estar à procura
dos filhos numa manifestação.
Durante o ano de 1973 vêem os seus filhos ser presos pela PIDE: o
Paulo, com 20 anos, por um mês, por causa do 1º de Maio, as filhas de 16 e 17
anos, durante uma semana, além de uma delas (a mais nova) com a mãe serem
espancadas pela polícia de choque, num comício de campanha eleitoral na
S.N.B.A.
…………………………………………………………………………..
A história de todo o
cidadão - como João Varela Gomes – homem e militar feito de frontalidade e
empenho na acção, de coragem, de honestidade intelectual e de dignidade de
carácter…de não quebrar, nem torcer -não
fica por aqui.
Chegados ao 25 de Abril
de 1974 João Varela Gomes é reintegrado, no Exército, com posto de Coronel.
Também aquilo que tinha
vivido,sofrido e proclamado -a incitação
à revolta- terá sido ouvido pelos capitães. Também as lutas antifascistas fizeram
parte da aprendizagem dos capitães de Abril.
“Sementes do nosso
Abril,germinando cravos,Revolução”.
Logo nos primeiros dias
de Liberdade recebendo ordens por escrito, de Rosa Coutinho, para coordenar o
desmantelamento da Legião Portuguesa.Nem começou a missão. O farisaico, membro
da JSN, Jaime Silvério Marques ,estupefactamente, manda-o prender !!!Começavam
as contradições no seio do MFA e logo tinha de atingir este alvo. Ainda
fez o passeio até à Trafaria .Não se consumou a prisão.Os capitães actuaram e
Dinis de Almeida trouxe-o de regresso.
Foi então criada em
Junho, na Chefia do Estado Maio General das FFAAs, a 5ª Divisão, com o fim
imediato de integrar os sete oficiais que constituíam a 1ª Comissão
Coordenadora do Programa do MFA. Vasco Gonçalves foi o seu primeiro chefe por
apenas um mês, porque toma conta do II Governo Provisório a 18 de Julho. Dentro
do EMGFA o Coronel Varela Gomes transitara para esta nova 5ª Divisão. Como
oficial de maior patente é Varela Gomes que assume, entre Julho e Outubro
“oficiosamente” o lugar de chefe desta
Divisão, seguindo-se lhe o Coronel Robin de Andrade e, mais tarde, o Comandante
Ramiro Correia, que desde Outubro de
1974, já na 5ª Divisão, coordenava e impulsionava as Campanhas de Dinamização
Cultural.
Nos seus 14 meses de
permanência, nesta estrutura,Varela Gomes, tem particular relevância, não só no
período em que está à frente da 5ª Divisão,
na organização e coordenação dos seus diversos sectores, como depois,segunda
figura hierárquica,vincando com a sua acção a marca do militar “intransigente na
defesa dos ideais de Abril e na defesa da Revolução”.
Alguns de nós militares
ou ex-militares ,aqui presentes, somos testemunhas vivas dessa sua pujança e seu dinamismo. Lá estava, sempre no seu “posto
de missão”. E quando necessário, nos momentos mais delicados do período revolucionário,
a sua intervenção e a da 5ª Divisão revelaram-se essenciais.Peculiar em defesa
de Abril e contra os inimigos deste.Aconteceu no 28 de Setembro, no 11 de Março
e no chamado Verão Quente…ou, mesmo ainda, no próprio, 25 de Novembro! Mas
convirá ouvir o que ,de seu próprio punho, João Varela Gomes escreveu no
preâmbulo do Livro Branco da 5ª Divisão, editado em 1984:
“…a 5ª Divisão foi um autêntico órgão revolucionário. …O mérito que porventura
houve foi o de, observando o fluir do movimento popular, tentar assegurá-lo,
defendê-lo, integrá-lo ao nível do poder militar.”
“…militares
de carreira ou em serviço temporário; sargentos, soldados e marinheiros;
funcionários civis; trabalhadores voluntários; intelectuais e artistas;
dedicações sem número; foram centenas, mais de mil, quantos fizeram a 5ªDivisão
e contribuíram para lhe moldar a sua singular feição revolucionária… resoluta,
como marcha para o combate ...”
“
…em igual medida, as centrais de desestabilização imperialistas nos
distinguiram como alvo a destruir. Prioritário. O mais perigoso. Essa distinção
a assumimos. Como título de honra. De tão elevada quota no quadro dos valores
revolucionários que, em sincera modéstia, a achamos imerecida.” (Citámos).
…………………………………………………………………………….
Sabemos como as
Revoluções - povo na rua e trabalhadores
participativos, com a esperança renascida num melhor futuro, empenhados e mais
felizes - são insuportáveis e intoleráveis para a burguesia e suas elites
acomodadas, sedentas de poder que logo se apressam a considerá-las – como a
bagunça na rua, a populaça efusiva, o desvario…mas muito (sobretudo) os seus
haveres e privilégios em risco.
Os nossos 19 meses (ou
500 dias) de período revolucionário, tão
caluniado pelos seus inimigos, são um dos tempos mais belos e ricos da nossa história.
É Varela Gomes quem o escreve “a gloriosa Revolução dos Cravos … é nossa, é de esquerda, é do povo
trabalhador, das pessoas decentes, honestas, cultas. Luta por um melhor futuro
para os desfavorecidos, por nascimento ou condição social.Não tem quaisquer
afinidades com as minorias exploradoras, nem com os desfrutadores de
privilégios abusivos, nem com fascistas ou filofascistas.”…” Mas não deixa de
ser curioso que até uma «troika», no
final de 1975, tenha lavrado um relatório (agora perdido!?) declarando o estado
de boa saúde económico/ financeira de Portugal” (Citámos).
Paradoxalmente, ou não,
esse período contém em si toda a dialéctica reaccionária de contra-revolução.
João V.Gomes apercebeu-se disso muito cedo e daí o seu combate e tentativa de
evitar que esta singrasse. Infelizmente a contra-revolução venceu. Terá
começado, tímida, travestida. Hoje, e há muito tempo, já se passeia engalanada e arrogante.
………………………………………………………………………………
Por isso, a saga do
nosso aniversariante e homenageado continua.
É sujeito a um mandato
de captura,para se entregar, emitido pelos vencedores do 25 de Novembro, na
qual se apela à própria população para denunciar o coronel Varela Gomes e
outros militares. Porque que crime?
O crime, esse,
fizeram-no os fautores do Novembro da nossa Primavera.
Feito com planeamento e ordens de missão contra a Revolução. Não foi um golpe
contra um golpe, como lhes soa bem, justificar. Foi um golpe contra a Revolução
concretizado pelos que, se deixaram seduzir, com maior ou menos grau de
percepção, pelo aparente sossego duma ilusória tranquilidade de um regime democrático
doente, em que o povo já não é quem mais ordena.
De acordo com os
ditames da sua consciência, Varela Gomes e outros militares (*), não tinham motivos
para se entregarem ao “restauracionado” novo poder.Tornam-se exilados políticos
da democracia de Abril.
Começa uma nova etapa
na vida deste lutador (novamente
acompanhado de Maria Eugénia). Foi assim durante quatro anos, primeiro em
Angola, onde, ainda teve a desventura de assistir à injusta prisão do saudoso e
inocente, camarada e companheiro, Costa Martins. Depois em Moçambique, onde,
para maior desgosto viveu, também, a trágica morte (por acidente) do não menos saudoso, camarada
e companheiro, Ramiro Correia, com sua mulher e um dos filhos.
Foi assim “Subitamente,
na clivagem do tempo”, (para utilizar o título de um poema deste), em cenário
de tragédia antiquíssima, solene, tão tremenda… que jamais a emoção deixará o
entendimento esquecer.
Regressou a Portugal em
1979.Nunca foi julgado, não obstante ter-lhe sido aplicada (a si e outros
militares) a pena, administrativa e ilegal, de passagem ao quadro de
complemento (a miliciano?!). O Tribunal Superior Administrativo demorou cinco
anos para anular semelhante aberração. Foi integrado, não sem peripécias
grotescas, em 1982, como Coronel mas Reformado!
Camarada,companheiro,comandante.João
Varela Gomes
Querido
Amigo.
Nasceste a 24 de Maio
de 1924. Uma vida cheia de anos, noventa anos cheios de vida.Citando alguém que
te faz justiça diremos: “De uma vida que escolheu o caminho da
coragem e da dignidade, ontem contra o fascismo, hoje contra a quietude
endémica, a indiferença e o cepticismo político e ideológico de uma democracia
que não hesitas em chamar filofascista. Com uma independência e uma
frontalidade a toda a prova, continuas o combate solitário, quase quixotesco,
através de textos livres, indignados, provocatórios, que teimam em furar o
cordão sanitário do politicamente correcto, da aceitação passiva de que não há
alternativa. Como este, que em jeito de homenagem aqui reproduzimos:”
«Mitos do Séc. XX – A
Democracia»
«Mito que remonta à governação
de Atenas Cidade, já lá vão 2500 anos»
« Mito ressuscitado no sec.
XVIII da era de Cristo pela emergente classe burguesa. Os amigos de Péricles
ressurrectos: les gens de bien, gente que tinha alguma coisa a perder. Mito que
ficou consubstanciado na Constituição dos EUA de 1777, nos ideais da Revolução Francesa,
no poder político exercido pela burguesia de então.»
«Assim, sim, exclamaram os
crédulos. Agora acabaram os abusos e privilégios da nobreza e do clero, o poder
será legitimado pelo povo em eleições, os mais aptos, ilustrados e honestos
desempenharão os cargos públicos que nunca mais serão ocupados por favoritismo,
razões de riqueza ou nascimento. Liberdade, Igualdade, Fraternidade. O mundo
civilizado convertido numa grande, feliz e próspera Atenas.»
«Em Portugal, o mito da
democracia também é fruto da época. Constituição de 1820, vitória liberal, etc.
Habitou os sonhos dos antifascistas neste século a findar, durante os cinquenta
anos salazarentos. Veio o 25 de Abril. E vieram ao assalto o Soares, seus pares
e outros exemplares. A desilusão é cruel.»
«Pelo mundo fora os
créditos do sistema democrático também estão pelas ruas da amargura. O
espertalhão de serviço cita Churchill (ou lá quem for): «A democracia é o pior
dos regimes, à excepção de todos os outros».
«Assim sossegam a
consciência para mais demagogia, mais entorses, promessas de socorrer os pobres
e desfavorecidos. Uma rábula de tal maneira desacreditada, que leva meio
eleitorado a abster-se de votar. O modelo democrático, tal como está implantado
no chamado mundo ocidental e vai sendo imposto aos países menos desenvolvidos,
constitui uma máquina bem oleada (lubrificada a dinheiro) para o exercício do
poder absoluto da burguesia capitalista. Embora o funcionamento do sistema
tenha vindo a degradar-se. A ferrugem – isto é, a corrupção – aparece a todos
os níveis. O modelo está esgotado, dizem uns. Está apodrecido, diz a voz do
povo. Mas não, dizem eles. Bastam uma reformazinhas, um rendimento mínimo, um
torneio de futebol. Dêem-nos ideias, dêem-nos ideias.»
«Perante a falência do
equilíbrio triangular, o sistema finge acreditar num 4º poder fiscalizador: a
imprensa. Agora englobando todos os modernos veículos da comunicação social,
incluindo a recentíssima Internet. Ora, todo o mundo sabe como os grandes
capitalistas se apoderaram dos meios de comunicação e informação à escala
planetária. A propaganda imperialista, a defesa dos interesses do capital cobre
todo o globo, atinge o mais remoto povoado nas montanhas. Os noticiários em
todos os países de todos os continentes abrem com a devida vénia às iniciativas
americanas, às actividades dos ícones da burguesia. Era a BBC, agora é a CNN a
referência universal. A aldeia global vem a revelar o mesmo espírito que a
aldeia paroquial. A imprensa livre, a expressão independente da opinião, fica
relegada para uma situação de semiclandestinidade. O quarto poder está
escravizado pelo poder capitalista. Mais um mito que se esvai.(…)» “Esta
Democracia filofascista” de João
Varela Gomes,edição de autor.
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Esta tem sido outra tua
forma de luta nos últimos trinta anos, publicando livros e artigos, divulgando,
esclarecendo, desmascarando, vincando sempre as tuas imorredouras
características de cáustico, mas tenaz e sério, combatente da liberdade.
Fomos mais longe do que
nos tínhamos comprometido.
Exigência da personagem
do homenageado. Exigência dos tempos actuais. Efectivamente a contra-revolução,
de braço dado com o sistema neo-liberal global, entrou no nosso processo como
um vírus, tem-se instalado no propósito de destruir as nossas conquistas de
Abril, as nossas conquistas da Revolução…De tal sorte, passados 40 anos, estaremos estupefactos. Como foi
possível isto ???E como bem dizes “Neste
40º aniversário – em ano de angústia e empobrecimento para milhões de
portugueses – impõe-se desfazer o equívoco/mistificação criado pela farsa das cerimónias oficiais de homenagem ao
25 de Abril. Qual 25 de Abril? »Aquele que foi destruído....pela raiva contra-revolucionária
em 25 Novembro 1975? Haja respeito por uma das páginas mais admiráveis na
história do Povo de Portugal”
…………………………………………………………………………..
Obrigado João Varela
Gomes pelo exemplo,mais um, que só pode revigorar a nossa coragem em prosseguir
a Luta. A luta em que hoje, os trabalhadores, a juventude, as mulheres e homens
de Abril, vão continuar a travar contra os que pretendem restaurar um caduco e tenebroso
passado.
No poema “Destino” do livro “Horas de Vidro” de Urbano Tavares Rodrigues,este diz o que se aplica inteiramente a ti «Trago na fonte/e estrela do fogo/da minha revolta/Nunca aceitaria qualquer tirania/nem a do dinheiro/nem a do mais justo ditador/nem a própria vida eu aceito.../tal como ela é/com todas as promessas/do amor e da juventude/e a parda doença/de envelhecer/a morte em cada dia/antecipada. Na mais lebrega alfurja/ou na cama de folhas macias/da floresta/da onde a chuva te adormeceu/há sempre um idamente de sol/cujos raios te penetram de/ventura/ao sonhares a palavra/liberdade.»
Parabéns João e Maria Eugénia.
Parabéns Paulo,Geninha, Maria da Luz e João António(lá onde estejas) por serem filhos de quem sois.
Parabéns
André,Pedro,Rita ,João e Tiago por serem netos de quem sois.
Parabéns Maria e Rafael por serem bisnetos de quem sois.
Parabéns Maria e Rafael por serem bisnetos de quem sois.
Parabéns a todos nós
por nos aceitares teus Amigos!
Sabemos como, na tua vida, te marcou o AMOR na acção,criação e perca.
Mas
nessas lutas-com derrotas e vitórias- foste sempre de corpo inteiro. É aí que,
na nossa memória, tu-Amigo João- já ascendeste
à eternidade e à imortalidade. Na memória dos que quiseste que fossem
teus queridos e teus amigos, na memória das tuas acções e da tua obra, no
desempenho pelo cimentar do nosso Abril da Liberdade.
Manuel
Duran Clemente
24 de Maio de 2014
(*) Saíram juntos ,em 9 de Janeiro de 1976, para Espanha a caminho do exílio em Madrid ,depois Havana e mais tarde em Luanda : Varela Gomes,Costa Martins e Duran Clemente.Aí encontraram mais militares refugiados.
(*) Saíram juntos ,em 9 de Janeiro de 1976, para Espanha a caminho do exílio em Madrid ,depois Havana e mais tarde em Luanda : Varela Gomes,Costa Martins e Duran Clemente.Aí encontraram mais militares refugiados.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
domingo, 11 de maio de 2014
sábado, 3 de maio de 2014
” 25 DE ABRIL, há 40 anos… e hoje”
” 25 DE ABRIL, há 40 anos…”
“…queríamos ser Livres, ter Paz,
contribuir, com plena cidadania, para a construção do nosso futuro.”
****
No momento em que comemoramos o 40º aniversário do Dia da
Liberdade, passo decisivo para a Revolução de Abril e para as suas conquistas
históricas - que transformaram profunda e positivamente Portugal e constituíram
a matriz da democracia mais avançada alguma vez existente no nosso País,
saudamos
fraternalmente,
todos os militares de
Abril (oficiais, sargentos,
praças e milicianos) que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, dando
sequência à longa resistência ao regime fascista, o derrubaram e restituíram a
liberdade aos portugueses, pondo fim a quase meio século de opressão e
repressão;
o movimento de resistentes
e opositores antifascistas , incansáveis lutadores pela liberdade (alguns dos quais encontrando a
morte), durante mais de quatro décadas;
e ao longo destes 40 anos que celebramos:
saudamos também:
o movimento operário e
popular que, em
aliança com o MFA, liquidou o regime fascista e os seus sustentáculos
essenciais – os grande grupos monopolistas e os latifundiários –pondo a riqueza
e a produção nacionais ao serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e
de Portugal;
os governos provisórios, que tiveram como preocupação maior,
nas políticas que executaram, o bem-estar dos trabalhadores e do povo – em especial, os governos que tiveram à sua
frente aquele que foi o único primeiro-ministro, até hoje, a identificar-se
totalmente com os interesses de Portugal e da imensa maioria dos portugueses: o
General Vasco Gonçalves, o eternamente lembrado “Companheiro Vasco”;
o poder local democrático uma das mais significativas
conquistas de Abril e um dos profícuos baluartes da participação do povo na
Democracia real.
os deputados da
Assembleia Constituinte que estoicamente lutaram para consagrar as conquistas da revolução na Constituição
da República Portuguesa de 1976;
os trabalhadores que, nos últimos 38 anos, com grande
coragem e determinação, têm feito frente à ofensiva das política de direita e
das politicas neoliberais do grande capital contra Abril;
os jovens - a pensar nos quais nasceu o
projecto de futuro que foi a Revolução de Abril - dos quais depende em muito o futuro de
Portugal e que hoje constituem as
primeiras vítimas da política anti-Abril das troikas;
os idosos e reformados que o actual poder transformou em
alvo a abater na sua senda da quebra da coesão social e do empobrecimento geral
do país;
as mulheres e homens que, de Norte a Sul do País, em iniciativas do
mais diverso tipo, participam nas Comemorações Populares e assumem com essa
participação o compromisso de prosseguir a luta pelos ideais e valores da
Revolução de Abril.
****
Houve 25 de Abril
porque havendo ditadura, guerra, colonização, opressão, isolamento,
obscurantismo, demagogia, um pesado policiamento das consciências, queríamos ser Livres, ter Paz, contribuir,
com plena cidadania, para a construção do nosso futuro.
Os capitães, os militares, anos
após anos, foram descobrindo que o inimigo não estava na mata tropical mas no
Terreiro do Paço. Altas patentes militares e Governantes mentiam sem pudor.
Paradoxalmente foi com a experiência da guerra, que souberam preparar com
profissionalismo e competência a tomada do poder.
Há 40 anos Portugal redimiu-se numa
noite e fez surpreendentemente, dum conjunto de jovens militares, emergirem
capitães, timoneiros do povo armado e sob a égide dum povo unido
erguer a mais bela das alvoradas, ponto de partida para a Revolução,
para um processo revolucionário que, na base da aliança Povo/MFA, viria a
produzir as profundas transformações económicas, sociais, políticas e culturais
que dariam origem à Democracia de Abril, consagrada na Constituição da
República Portuguesa de 2 de Abril de 1976.
A Revolução de Abril, ao pôr fim à ditadura fascista, abriu o
caminho à participação dos cidadãos na vida pública, ao desenvolvimento
económico, social e cultural dizendo não ao oportunismo, à corrupção, aos
interesses ilegítimos dos grupos financeiros e sim à justiça social, ao direito
ao trabalho, ao emprego, à saúde, à educação, à habitação, à paz, a mais
futuro.
O processo revolucionário foi um dos períodos mais belos e
criativos da nossa história. As conquistas de Abril, entre o democratizar, descolonizar e desenvolver, preconizadas
pelo Programa do MFA e aprofundadas pela aliança Povo-MFA, foram formalizadas
por mais de duzentos diplomas legais, entre 1974 e 1976. (1)
********************************************************
As Conquistas da Revolução – conquistas políticas,
económicas, sociais, culturais, civilizacionais – conduziram, desde logo, a
significativas melhorias das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores
e do povo e à definição de um projecto de progresso e desenvolvimento para
Portugal. A par das liberdades democráticas – estas conquistadas pelo povo, nas
ruas, através do seu exercício - o estabelecimento imediato do salário mínimo
nacional, do aumento das pensões de reforma e de invalidez e do abono da
família; o aumento dos salários e o congelamento dos salários superiores a 7
500 escudos; a generalização do direito a férias, com um subsídio equivalente
ao salário; o congelamento dos preços e rendas dos prédios urbanos; os
primeiros passos dados no sentido de assegurar, como direitos humanos
fundamentais, o direito à Saúde e à Educação, que pelo seu conteúdo, marcaram
de forma iniludível o sentido do processo em curso. E alguns indicadores e
referências merecem ser sublinhados, por exemplo: a taxa de Analfabetismo era
em 1974 de 34% é hoje inferior a 3 %,Lares sem luz eram 36% hoje andam pelos
0,2%,lares sem água de 53% passaram para menos de 1%,o SNS tornou-se uma
realidade [hoje, fortemente atacado]
,triplicou o nº de Médicos por habitante, houve renovação e cobertura
Hospitalar generalizada, a esperança de vida aumentou mais de 10 anos, a
mortalidade infantil de 38 por mil passou para 3 por mil, os avanços na ciência
,inovação e investigação são prodigiosos tal como nas comunicações e acessos,
a escola foi renovada, mais
escola, melhor escola ,mais alunos inscritos e mais e melhores professores [ hoje, mais de 60.000 jovens licenciados ora desempregados e emigrando.]
Festejamos, aqueles 500 dias (do PREC) a que os detractores e
inimigos da Revolução apelidaram de loucura …a loucura da Revolução de Abril.
«Loucura (como
diz o revolucionário Coronel Varela Gomes) que foi epifania, que foi epopeia, que foi paixão e
esperança, rasgar de horizontes, libertando mentes e medo; loucura que foi – e
ficou sendo – interregno luminoso na apagada e vil tristeza da existência
hodierna da Nação Portuguesa; que despertou o entusiasmo solidário e afectivo
de multidões de homens e mulheres pelo mundo fora, saudando a coragem do
desafio; loucura que fez tremer (de susto) as elites lusitanas, em súplica permanente
duma salvadora intervenção estrangeira, na postura agachada dos traidores e dos
cobardes.»
«Ora, em contraste vindicativo com esses 500 dias de
exaltação patriótica e alegria popular... Qual é o saldo dos 38 anos que se
seguiram, com a governação exclusiva – virtual ditadura - dos partidos
contra-revolucionários?»(Cit.JV.Gomes)
As Nacionalizações, a Reforma Agrária, a Descolonização - e a
própria Constituição da República Portuguesa – afirmavam-se como pilar
essencial da Revolução Portuguesa e do seu projecto de sociedade.
Apesar de aprovada e promulgada já depois da alteração da
correlação de forças que levaria ao 25 de Novembro de 1975, a Constituição da
República Portuguesa é um retrato fiel da revolução e, mesmo após as sete
revisões a que foi submetida – todas elas roubando-lhe pedaços de Abril –
permanece como referência essencial para os trabalhadores e o povo na sua luta
contra a política de direita.
Tudo isso faz da defesa da Constituição um objectivo
essencial da nossa luta, como alertou Vasco Gonçalves num texto produzido em
1977, numa altura em que as forças da contra-revolução disparavam raivosamente
contra tudo o que cheirasse a Abril:
«O essencial da
Constituição Portuguesa está de acordo com as grandes transformações
revolucionárias operadas no decurso do nosso processo revolucionário.
A essas transformações
revolucionárias chamamos Conquistas da Revolução e uma delas é a própria
Constituição (...) A defesa da Constituição Portuguesa é, portanto, a defesa
das Conquistas da nossa Revolução»
Na sequência do gravoso ataque a essas mesmas conquistas da
“Revolução dos Cravos” e à Constituição de Abril, um ataque com décadas de
existência, após o 25 de Novembro do nosso descontentamento, e agravado nos
últimos três anos com a invasão da “troika”, Portugal e os portugueses vivem
hoje a pior situação política,
económica, social e cultural após o 25 de Abril.
Os desencantos de hoje e respectivas frustrações nada têm a
ver com o 25 de Abril. Não podemos branquear o fascismo.
Os desencantos de hoje e respectivas frustrações são fruto
duma coligação
de interesses e conjugação de factores internos e externos (*) a
jusante da essência e natureza dum sistema predador responsável pela miséria,
pela fome e pela doença de milhões de seres humanos. Chama-se: “capitalismo”, com as alcunhas de neoliberalismo, ultraliberalismo ou
simplesmente “mercado”. O mesmo
sistema que, com a mentira, a ganância e o virús mortal da austeridade, está
hoje a destruir as Liberdades e as Democracias e perigosamente a lançar as
bases do recrudescimento duma extrema – direita fascista/neo-nazi por diversos
locais da Europa e do planeta.
Quem deixou, quem permitiu (como e quando?) que seja o
“mercado” e seus tiranetes a mandar em nós?
Há anos que vimos afirmando que o sistema gera desumanas
situações socioeconómicas, com uma aparente e ilusória contrapartida de
progresso económico, onde os ricos têm
ficado cada vez mais ricos e os pobres, cada vez, mais pobres.
A economia social foi estrangulada
e a vertente financeira (especulação)
sobrepõe-se à vertente produtiva
(economia real).Esta é a essência da
crise: A banca e a alta finança a comandar a política como antigamente, na
ditadura derrubada. Só que agora com novos e sofisticados trunfos.
Foi assim, com este mando do “mercado”, a subserviência e
trapaça destes governantes, nacionais e europeus, que se chegou a esta situação
de crise nacional, europeia e internacional, pretendendo, os mandantes, curar
as doenças com “remédios falsos” e insistindo na receita: a austeridade. Na mais completa e cega submissão aos números, no desprezo
pela pessoa e pelas famílias, na mais grave recessão da economia, nas mais
altas taxas de desemprego e pobreza, nos jovens empurrados para a emigração, na
generalização da precariedade, na quebra dos salários e redução das pensões dos
reformados, na despudorada e injusta carga fiscal, num feroz ataque ao direito
ao trabalho, na grave contenção dos legítimos direitos na saúde, na segurança
social, na educação e na justiça. Enfim, no firme ensejo de destruir por
completo o Estado-Social construído à custa de décadas de lutas. No firme e
planificado propósito de nos empobrecer.
Pobres e desempregados
os portugueses ficam à mercê dos seus algozes.
Os três “DDD” do MFA foram vergonhosamente transformados em Desigualde, Desemprego, Desastre/Destruição.
Os diplomas dos governos revolucionários de Vasco Gonçalves
defendiam e consolidavam os direitos
básicos dos cidadãos. Hoje, ao invés, as leis que o mercado fabrica, as
leis dos deslumbrados mandantes, subvertem e matam os direitos básicos dos trabalhadores e do povo.
Está na sua natureza, na natureza destes governantes e na
sandice da sua demagogia oficial, sem vergonha, declarar: “a vida das pessoas está pior mas
o país está melhor”. Que quer dizer isto? Até onde pode ir o desprezo
pelas pessoas e o desconhecimento do país real?
E até onde vamos deixar ir esta afronta, esta violência?
Impõe-se derrubar este governo
e suas políticas e recuperar a esperança que a madrugada libertadora nos trouxe
retomando os seus valores fundamentais.
Queremos uma política
que defenda o regime democrático, que edifique um Estado onde o trabalho, a solidariedade, a justiça, a
educação e a cultura sejam
pilares fundamentais, que coloquem o desenvolvimento da economia ao serviço das
pessoas, das novas gerações e do futuro do País.
Assim como a
descolonização, foi obra da luta de libertação dos povos, teremos de invocar
novamente esse terceiro “D” para nos descolonizarmos
da troika e do neoliberalismo com a bravura e luta dum povo soberano
de há quase 900 anos.
No 40º aniversário desta data especial estamos certos que estaremos – muitos, mas muitos mil -
participando numa grande e calorosa festa de confraternização comemorativa
e que será também forte protesto e a
exigência da mudança necessária.
E também estamos contra a mistificação e hipocrisia de quem
não merece comemorar Abril.E agora se faz de satisfeito! Hipócritas!
Que Abril poderão festejar quando todos os dias o pretendem
matar e lhe dão facadas? O Abril deles
não é o nosso.
Vamos ter eleições para o Parlamento Europeu a 25 de Maio.
Urge reflectirmos sobre o significado destas eleições –as primeiras depois das
troikas nos invadirem .Não queremos esta débil e falsa União Europeia (um
gigante de pés de barro) para onde nos fizeram partir (em 1986) apenas com dez
anos de democracia e com um estrondoso atraso estrutural económico, herdado da
ditadura, (e ainda mais enfraquecido com o ataque à indústria,às pescas e à
agricultura), o que só por si merecia, como muitos avisaram, outro tipo de
negociações, outras cautelas, leviana e festivamente, desprezadas. É
imprescindível que os deputados europeus saibam defender outra Europa. Urge
votar nos que querem a mudança.Não ao voto em branco, não ao voto nulo. Urge votar contra o inimigo.
Em 25 de Abril quisemos que as pessoas, os portugueses
participassem no futuro.
Fizemos pontes para o
futuro.
O poder hoje instalado “quer fazer do amanhã pontes para o
passado”.
Quer regredir aos tempos de antes da revolução francesa.
Quer o empobrecimento de todos nós para que um por cento mande em noventa e nove por cento da humanidade.
A austeridade é apenas um instrumento duma estratégia. Querem que se caia num “feudalismo moderno”.
Basta. Não deixaremos. Não ao conformismo. Não ao desânimo. O
Povo Português não pode resignar-se e não se deixará vencer.
Estamos certos, o nosso 25 de Abril vencerá.
Porque Abril é o Futuro.
25 de Abril, sempre!
Obrigado
M. Duran Clemente, Coronel
ref.
Capitão
de Abril, ex-autarca e associativista. Abril de 2014
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