RTP: 25 de
Novembro de 1975
1.Primeira intervenção
de Duran Clemente (18h10)
Foi dada ordem pelo Conselho da Revolução para que o Coronel
Jaime Neves e os seus Comandos venham atacar os militares que neste momento, representando
os seus interesses e os dos trabalhadores fazem deste emissor, da
Radiotelevisão, uma voz ao serviço dos explorados e oprimidos deste país, isto
é, ao serviço da revolução socialista.
Aguarda-se pela chegada
duma comissão de militares de pára-queduistas do Regimento de Tancos para
explicitar as suas razões.
Esta intervenção foi
repetida
2.Segunda intervenção de Duran Clemente (19h35)
Boa noite, recebemos há pouco dois comunicados do Sindicato
dos Trabalhadores Metalúrgicos e Metalomecânica do Distrito de Lisboa. MDC
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”Não à guerra civil
e ao estado de emergência na região de Lisboa. Não há suspensão da Liberdade de
expressão e de reunião. Não à repressão do movimento operário e dos
Trabalhadores.”
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“Alerta, metalúrgicos trabalhadores.
Não à divisão do
país, à confrontação armada e à guerra civil. Não ao estado de emergência na
área de Lisboa, primeiro passo para o corte das liberdades democráticas e para
a repressão dos operários e trabalhadores.”
“A revolução está
na hora decisiva. Operários, camponeses, soldados e marinheiros, unidos
venceremos. A vitória é difícil mas é nossa. A Direcção.Lisboa,25 de Novembro
de 1975,às 17h15.”
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Continuação
da Intervenção de Duran Clemente
Queria
também esclarecer o Povo Português que está preocupado ao ouvir-nos, que nós
aqui no Lumiar, estamos perfeitamente bem. MDC
[Nota:o
Regimento de Comandos já tinha estado nas proximidades do Colégio Militar, na
2ª circular, e enviou um Capitão para dialogar comigo nas instalações da RTP. Respondi-lhe
que perdiam o seu tempo. Tinha vários edifícios com “basucas”, no telhado e as “chaimites”
eram reduzidas a pó…A Alameda das Linhas das Torres estava barrada com
autocarros da “Eduardo George” e uma confrontação militar seria um desastre.]…[Nesta ocasião
já tinha deixado sair toda a Administração da RTP,neutralizada cerca das 15h00,
e presidida pelo então Major M.Pedroso
Marques,( que se manteve retida cerca de duas horas nas suas instalações e
gabinetes,com televisão e telefones ) e bem assim todos os colaboradores da RTP
que tivessem querido sair. Ninguém foi
forçado a permanecer.]
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É
provável qua nos silenciem a antena de Monsanto.MDC
Não sabemos o que se passa relativamente a
Monsante.Se efectivamente deixarmos de estar nos “ecrâns” é porque a antena de
Monsanto foi neutralizada. [O que
viria a acontecer depois das 21h00]
Não se trata de neutralização do
todo o pessoal que está aqui nos estudos no Lumiar em que, efectivamente, os
militares estão aqui mais uma vez pretendendo que a voz dos militares e dos trabalhadores
não seja silenciada.
Apelo para a serenidade, para a
vigilância revolucionária, inteligente e serena de todos…unidos Venceremos. MDC
(19h45)
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