sábado, 25 de abril de 2015

Entrevista de Duran Clemente ao jornal “Comércio do Seixal e Sesimbra” feita por Maria do Carmo no passado dia 22 de Abril de 2015.[Jornal publicado no dia 24-04-2015]

Entrevista de Duran Clemente ao jornal “Comércio do Seixal e Sesimbra” feita por Maria do Carmo no passado dia 22 de Abril de 2015.[Jornal publicado no dia 24-04-2015]
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Há a ideia de que a política é para os outros, esquecemos que todos somos políticos e que temos de exercer esta cidadania.MDC


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«As pessoas deviam saber pensar»
«Infelizmente a RTP não está a ser ouvida em todo o país. Isto acontece porque o emissor da Lousã já está a servir os estúdios do Porto. Há um corte feito por via administrativa e determinado não sei bem por quem!».
Esta frase iniciava o discurso de Manuel Duran Clemente, então 2.º Comandante da
Escola Prática de Administração Militar, às 20h30 do dia 25 de Novembro, e iria tornar
o rosto deste Capitão de Abril conhecido em todo o país.
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Admite que não queria ser militar “só fui para a Academia por insistência do meu pai, e escolhi licenciar-me em Administração. Cursei o ensino técnico e liceal nos Pupilos do Exército e ingressei na Academia Militar em 1961.
Nunca quis participar na guerra, embora perceba que se tenham de cumprir ordens e orientações, sobretudo políticas, por vezes bastante erradas, como era o caso.”
Manuel Duran Clemente esteve na génese do Movimento de Capitães, participando em reuniões clandestinas e aderindo ao movimento MDP/CDE em 1969 tendo estado presente no terceiro Congresso da Oposição Democrática em Aveiro /Abril de 1973..
“Os ventos da História da década de sessenta abriram os olhos aos portugueses, com a música dos Beatles, o  “make love, not war”, a morte de Luther King, o «black power», a morte de Kennedy, o Maio de 1968, assassinatos repressivos nas universidades e lutas estudantis. Foram anos de contestação muito difícil de esconder porque a censura não conseguia calar tudo. E o Governo achava que tinha um povo adormecido, e deixava passar essas informações, porque eram coisas que aconteciam longe.
E depois era tudo o que os outros países já tinham feito e que Portugal ainda não fizera, porque tínhamos um tipo a governar o país que não compreendia que não nos podíamos continuar a manter «orgulhosamente sós». Havia a questão da descolonização, em que França já tinha dado a independência a oito colónias do lado ocidental de África e Inglaterra dera independência a oito colónias do lado oriental.
Apesar de nos dizermos independentes, Portugal sempre foi colonizado por Inglaterra, desde Filipa de Lencastre, para o bem e para o mal… Nós é que descobrimos o caminho marítimo para a Índia, mas eles é que lá tiveram um Império. Nós é que descobrimos o caminho para a Austrália, mas eles ainda hoje têm coroa lá. Sempre fomos uns “bananas” , dirigidos por interesses de outros e por quem em Portugal servia e serve esses interesses.”
Outro dos aspectos que aponta para o movimento que deu origem à Revolução foi “o contacto que começou a existir dentro das forças militares com os novos elementos”, com a democratização da Academia Militar em 1961.Deixa de haver setenta cadetes de filhos de generais e de famílias ricas, para existirem quatrocentos e tal  cadetes filhos do povo. Mas isso só aconteceu porque era necessário alargar o contingente de pessoal a ir para África, tiveram de abrir as portas. Essa abertura deu origem a um contacto entre elementos que já estavam no activo e os que vinham da universidade, com outros conhecimentos especializados em Historia, Filosofia, Psicologia, que foi bastante positivo.
E porque é que o Movimento se dá com os capitães? São eles que estão próximos da realidade das populações em cenário de guerra, e têm consciência de que algo não está bem e que as coisas não podiam continuar. Havia também um mal-estar com os oficiais superiores, que estavam sentados em gabinetes com ar condicionado, a sustentar teoricamente a guerra, e os capitães, é que estavam no activo e no terreno de guerra. E estes, ao fim de duas ou três missões começaram a abrir os olhos e a defender-se. Não foi por acaso que já foram quase  duzentos capitães entre Julho e Agosto de 1973 a reunirem-se, na Guiné e em Alcáçovas.”
«A Guiné serviu como ‘laboratório’»
Duran Clemente no ano de 1973 interveio no Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro, o que veio ditar a sua ida para a Guiné. “Deste Congresso saíram as linhas principais do MFA. “Ali apresentei um manifesto político, onde criticava a falta de liberdade e a guerra colonial. Por causa disso fui “mobilizado”para a Guiné. Mas levei comigo cem cópias desse documento e quando cheguei lá, comecei a reunir com quem já estava preparado para avançar com algo e começámos a desenvolver este processo revolucionário.”
Claro que não fui eu quem deu início, porque a revolta já existia, no seio de cada um de nós. Em 1970, em Nampula, tinha tido ,num navio,  um almoço com capitães que estavam furiosos porque em vez de voltarem para Lisboa, depois de duas missões, foram enviados pelo General Kaulza para a operação “Nó Górdio”.
Tive oportunidade de criar um dos primeiros núcleos clandestinos em Bissau, onde contei com a presença de militares como Otelo Saraiva de Carvalho, Salgueiro Maia, Matos Gomes, entre outros.”
Durante o período de preparação da Revolução, Duran Clemente foi o elemento de ligação do MFA entre Guiné e Lisboa, com Vasco Lourenço e Hugo dos Santos, realizando também o «recrutamento» de militares do Exército, Marinha e Força Aérea.
“A Guiné serviu como «laboratório», porque era uma zona pequena e tinha um líder bastante doutrinário e inteligente, Amílcar Cabral, que seguia uma doutrina muito humana e não tão agressiva como a dos seus militares que o mataram. Além disso, o Spínola permitia que na Guiné se falasse mais à vontade.
Os militares tinham uma disciplina chamada «Acção Psicológica» que nos ensinava como convencer os africanos de que estávamos lá por bem, para os ajudar. Mas no contacto que tínhamos com eles, com famílias que tinham todas elementos nas guerrilhas, eram eles a convencerem-nos que o inimigo não estava ali, mas sim em Lisboa, no Governo.”
Em 28 de Agosto de 1973, Duran Clemente e outros três militares elaboram uma carta que é subscrita por cerca de cinquenta dos sessenta capitães que se encontravam na Guiné, dirigida ao Governo português, onde se antevê uma tomada de posição por parte das Forças Armadas. “O que quisemos fazer com essa carta foi um acto rebeldia. Usámos o argumento do celebérrimo Decreto-Lei nº. 353/73, que facultava a «entrada de oficiais do Quadro Especial de Operações no Quadro Permanente através de curso intensivo na Academia Militar», mas não era nada disso. Era um protesto colectivo, o que era proibido e pretendíamos aborrecê-los, e o Marcelo Caetano admitiu nas suas «Memórias» que tinha ficado «altamente preocupado» quando recebeu a carta.”
Nascimento do MFA
A 9 de Setembro de 1973 decorreu a reunião de Capitães em Alcáçovas, onde nasceu oficialmente o Movimento das Forças Armadas, com a participação de 95 Capitães, 39 Tenentes e 2 Alferes.[ Como os 50 da Guiné estávamos já em revolta quase 200 militares.]
“Mas foi a 24 de Novembro, em Cascais, que decidimos avançar, sobretudo por causa de um tenente-coronel, em vésperas de partir no comando dum Batalhão para Bissau, pai de um dos futuros Capitães de Abril, que no meio de uma reunião dos capitães chegou lá e lhes disse: «não falem mais, decidam já o golpe, então os militares estão a ficar atrás dos estudantes que andam a lutar e a levar “porrada” da polícia e a serem presos. E nós continuamos a olhar, como se não fossemos os fiéis defensores da pátria?»
“Isto deu um forte impulso às nossas ideias. Poucos dias depois, encontrei-o na Guiné, onde também já estava pronto a fazer um golpe, mas dissuadimo-lo a esperar até Abril. Prometi-lhe que logo que as coisas fossem feitas, o avisava. E foi ele a primeira pessoa a quem anunciei que tínhamos ganho.”
No dia 25 de Abril de 1974, Duran Clemente com um grupo de oficiais organizados, tomaram o poder em Bissau e em toda a Colónia, colocando em pontos-chave militares de confiança e integrados no espírito do MFA, depois de remeterem para Lisboa os oficiais conotados com a ditadura. “Todas as unidades da Guiné foram tomadas e não tivemos dificuldades nenhumas porque todos estavam de acordo com o MFA.
Quando estive cá em Fevereiro, tinha avisado o Vasco Lourenço que as coisas na Guiné não estavam famosas, estavam mesmo perigosas.” Ele disse-me para descansar o pessoal que a acção se faria antes do 10 de Junho.”
Durante o período de transição foi nomeado pelo MFA como director do único jornal «A Voz da Guiné» e após o reconhecimento do direito das colónias à independência, participou em várias acções de preparação para a transferência de poderes, após o que regressou a Lisboa em Outubro de 1974.
“Embora não seja a favor do neo-colonialismo, até nisto os portugueses foram muito estúpidos. Enquanto os outros países colonizaram e depois deram a independência, mas ficaram lá como se costuma dizer, «com um pé», no nosso caso até houve quem se preocupasse em trazer rapidamente todos os portugueses, não apenas os que lá foram viver e trabalhar mas também os que lá tinham já nascido. Acabaram por ter tido depois um papel muito importante no país porque embora tenham perdido tudo, traziam ideias diferentes, dinâmicas e empreendedorismo que muito veio servir Portugal.”
Em Portugal viria a ser responsável pelo Centro de Esclarecimento e Informação Pública, da 5ª Divisão do EMGFA coordenando programas de televisão e rádio e integrando a redacção do jornal «O Boletim do MFA», que foi editado durante um ano. Foi ainda secretário-geral da Assembleia do MFA, após o 11 de Março, da qual foi porta-voz até Setembro de 1975.
«A história do 16 de Março está por fazer»
O 16 de Março de 1974 marcou uma tentativa gorada de golpe de Estado contra o Governo do Estado Novo. Na base desta tentativa terá estado a tentativa de exoneração dos generais Costa Gomes e António de Spínola por causa do livro “Portugal e o Futuro”. “O 16 de Março foi uma precipitação, um passo contra a revolução que já estava a ser preparada pelo Vítor Alves, o Otelo e o Vasco Lourenço, o directório do MFA em Portugal.
Esse golpe teve origem em dois oficiais (Casanova Ferreira e Manuel Monge) que  vieram da Guiné, onde o MFA também estava crescendo, cheios de entusiasmo e que pretenderam fazer uma acção à pressa com o Otelo Saraiva, que se deixou ir na conversa mesmo avisado pelo MFA da Guiné, e aquilo deu «barraca» devido à precipitação.
Fizeram umas reuniões apressadas, foram à E.P.de Cavalaria a Santarém, mas estes não estiveram de acordo, recorreram aos pára-quedistas de Tancos, mas também estes não estiveram de acordo, até que há um capitão em Lamego que diz que vai avançar para o Porto e decidem que Otelo ía à Escola Prática de Infantaria em Mafra e à de Artilharia em Vendas Novas, fazer sair uma companhia de cada local. Casanova iria a Santarém fazer sair outra e a Santarém e um dos capitães presentes na reunião faria sair uma companhia do RI5 de Caldas da Rainha. Moral da história: quando Otelo chegou a Mafra e a Vendas Novas  não estava ninguém porque era fim-de-semana. Em Santarém ninguém aderiu. Lamego também não saiu. Só saiu , isolada a unidade das Caldas da Rainha,  por isso ficou conhecida a acção como a «Revolta das Caldas».
Mas toda essa história ainda está por fazer ,embora eu já tenha escrito bastante sobre o assunto e o Otelo tenha falado disso nas suas Memórias e confessado ,de viva voz, o fracasso e o logro.”
 «11 de Março de 1975»
É Duran Clemente que, interrompendo o noticiário das 13h00, quem  alerta o país, na Emissora Nacional, da invasão do RAL1 e do golpe de Spínola, alertando os militares envolvidos. Por esta acção, foi formalmente louvado pelo General Costa Gomes, então presidente da República e Chefe do EMGFA.
«O 25 de Novembro foi uma coisa inventada»
Na noite de 25 de Novembro desse ano, é ele quem discursa na RTP entre as 20h30 e as 20h49, altura em que a emissão foi interrompida e o canal televisivo de Lisboa começou a emitir o filme que os estúdios do Porto. “O MFA nunca pensou instalar em Portugal o sistema soviético, ao contrário do que fomos acusados. Embora se falasse em igualdade, em liberdade, em solidariedade, em menores diferenças entre ricos e pobres, questões marxistas leninistas, estas serviam apenas para ilustrar o que todos queríamos para o povo português. E foi esse o sentido do meu discurso na RTP, a 25 de Novembro de 1975. O que disse foi que não queríamos um socialismo da tanga, mas que as pessoas percebessem que uma sociedade não deve ter estas diferenças, tanta miséria por um lado e outros a viver à grande. Só que quem estava contra isso lançou a calunia do «lá vêm os comunistas, a comer as criancinhas ao pequeno-almoço, querem instalar um sistema soviético». No entanto, o próprio Partido Comunista, em Agosto de 1975, numa reunião do Comité Central em Vila Franca de Xira, tinha fixado que não iam ocorrer aventuras militares nem golpes de Estado, e por isso temos razão em dizer que o 25 de Novembro foi uma coisa inventada como um golpe de esquerda.
Golpes havia todos os dias, qualquer plenário em fábrica ou manifestação em quartel, era um golpe. Estávamos a viver um ambiente, que hoje os mais novos não percebem, que permitia que houvesse contestação generalizada a qualquer regra ou imposição que fosse, aparentemente, desfavorável a essa linha de pensamento de maior igualdade e solidariedade entre as pessoas, num país com 48 anos de pouca cultura e conhecimento, muito influenciado por uma igreja católica conservadora, para o bom e para o mau, porque também havia padres progressistas.
A democratização em Portugal deu azo ao «Verão Quente», e é natural que surgissem correntes de ideais diferentes. O que não era natural é que tivessem posto de parte uma dessas correntes com o 25 de Novembro. Felizmente não foi completamente posta de parte, apenas alguns dos militares que a defendiam, e que tiveram de se exilar. Entre estes estive eu, tive de me exilar nove meses em Angola, após o que regressei e comecei a trabalhar na vida civil, porque tinha habilitações para isso.
Fui depois reintegrado, promovido a Major e mais tarde a Tenente-Coronel e a Coronel, graças a um reconhecimento do esforço que tínhamos feito. E acho que merecemos esse estatuto pelo que sofremos, pelos riscos que corremos e pelo que proporcionámos ao país.”
«Portugal estava e está na cauda da Europa»
Crítico em relação à governação do país, antes e depois de 1974, explica que “antes da Revolução, Portugal estava na cauda da Europa, como ainda hoje está, tal como a Grécia, porque não nos conseguimos estabelecer durante 48 anos de obscurantismo, treze deles de guerra, devido a uma economia débil, sustentada por oito famílias, os Mello, os Champalimaud, os Espirito Santo, que determinavam a política nacional. O facto de não termos entrado na grande guerra se calhar até  a tornou mais débil, porque os países que o fizeram, tiveram depois apoios e subsídios ao abrigo do plano Marshall que os ajudaram a reestruturar-se sobretudo no que nos faz falta hoje, uma estrutura económica com base na indústria, pescas e agricultura.
Ao contrário do que seria de esperar, a nossa entrada na CEE veio deteriorar ainda mais a nossa fragilidade. Não sou contra isso, até porque sempre fomos europeus, mas sou contra o facto de estarmos continuadamente sobre escrutínio e mando do estrangeiro.
Só tínhamos dez anos de democracia, ainda com muitos problemas para resolver do passado, muita reestruturação por fazer, e prejudicou-nos não termos feito acordos especiais para entrar na EU/CEE, quando entrámos em igualdade de circunstâncias com países desenvolvidos como a França, a Alemanha, a Bélgica, e outros. É evidente que íamos ter consequências, o que aconteceu com a redução da frota de pesca, da extinção da nossa indústria, que era pouca mas existia, com as «políticas» aplicadas à «agricultura de não produção». Os fundos que vieram para Portugal foram canalizados para diversas áreas que não eram produtivas, o sector terciário, para que fossemos um país de serviços, sendo os grandes da Europa os países de produção, construindo carros, submarinos e outras maquinarias dos quais ficámos dependentes.
A União Europeia serviu para aumentar o mercado para a França e para a Alemanha, entre outros. Se Portugal já foi uma colónia dos ingleses no passado, passou a ser uma colónia da União Europeia, que por sua vez é um protectorado dos  Estados Unidos, com a Alemanha como testa de ferro. Nada disto é por acaso, trata-se de um sistema (o capitalismo) que pode ter muitos nomes, agora é «mercado», mas é apenas um sistema neo-liberal que querem à viva força implementar em Portugal, acabando com o Estado Social que conseguimos implementar com a “Revolução de Abril.”
«Todos os conceitos de Abril estão a ser destruídos»“A entrada para o euro foi outro disparate, esta é simplesmente uma moeda para os alemães,e outros, que alargaram o seu campo de clientes para fazerem fortunas e não é por acaso que ganham três vezes mais do que nós. E depois temos um Governo que responde às deliberações que lhe são impostas por esses países. É também um Governo que mente ao povo português, com monstruosas mentiras, como dizerem que a Segurança Social está falida. Nunca esteve falida e se estivesse era porque o Estado lhe deve milhões de euros a esta entidade.
Apenas em Portugal se ataca a pessoa idosa. O Passos Coelho e este Governo conseguiram esta proeza, atacar os mais idosos. Outra mentira é o que se passa com o Serviço Nacional de Saúde, que foi um dos melhores do mundo, que foi inclusive copiado para melhorar o de Inglaterra. Que país é este? Todos os conceitos do 25 de Abril estão a ser destruídos. Como é que se pode não reagir a isto? Como é que as pessoas são manipuladas pelos media, sobretudo pela televisão? É inacreditável.
Era preciso outro 25 de Abril mas não há qualquer hipótese em termos militares.Essa revolução devia acontecer na consciência das pessoas, que deviam saber pensar e deixar de admitir que os políticos e os partidos políticos não servem para nada. É evidente que alguns  políticos deviam ter juízo, mas são as pessoas que têm de aprender a pensar. Mas não podemos esquecer que há as cidades e a ruralidade, em que vivem pessoas agora como há quarenta anos, ainda com um clero reaccionário/conservador.
Temos o direito de ser mais participantes na construção da nossa democracia, mas a manipulação alienou completamente as pessoas.
Estamos a aproximarmos do medo que existia antes do 25 de Abril, em que as pessoas não falam com medo de perder a sua posição.E os jornalistas sérios também acabam por ter medo de fazer ou dizer certas coisas, porque estão muito dependentes. A situação está muito melindrosa. Não somos menos que os outros. Não somos um povo preguiçoso ou gastámos além das nossas possibilidades. Trabalhamos tanto como os outros, não temos é estruturas governativas decentes.
Não apostam no investimento público, crucial para o desenvolvimento, têm destruído todo o estado social. Estes senhores estão a seguir uma cartilha de empobrecimento do país, onde baixam o preço do trabalho, tornando Portugal uma nova China. Isto é uma vergonha.
Portugal tem ainda economia, damos cartas no sector do papel, no sector da reparação naval, nas fábricas modernizadas de têxteis e calçado, na cortiça, na produção de azeite, em  suma, nas áreas onde o dinheiro foi aproveitado para a modernização.
Por outro lado, a culpa é também das pessoas que não participam. Fui presidente da Assembleia de Freguesia de Santa Catarina, em Lisboa, durante mais de dez anos e ninguém comparecia nas reuniões.

Há a ideia de que a política é para os outros, esquecemos que todos somos políticos e que temos de exercer esta cidadania.

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