segunda-feira, 25 de novembro de 2013

UM DOCUMENTO HISTÓRICO do tenente Coronel Luis Ataíde Banazol (já falecido)

ONTEM,alguns militares e acompanhantes, COMEMORAMOS EM SINTRA OS 40 DESTA REUNIÃO.Este 24 de Novembro merece ser recordado e conhecida a influência desta intervenção do saudoso Tenente Coronel L.A.Banazol.

Intervenção do Ten.Coronel Luís Atayde Banazol na reunião de S.Pedro de Estoril em 24/11/1973

Meus caros camaradas, eu creio que vocês estão a perder o que têm de bom: energia e tempo, organização e vontade.
Estão a esgotar-se com um assunto que não vale a pena. Decididamente, não vale a pena.
O problema que vocês julgam que está no âmago disto tudo não vale um pataco e vai contra os nossos camaradas milicianos.
Eles também têm as suas razões, e não será pelo facto de vocês conseguirem levar a melhor, que tudo ficará resolvido. Pelo contrário, cada dia que passa, tudo se agrava.
E isso não é por uma questão de galões. O que vocês estão e todos nós, é agonizantes; simplesmente agonizantes.
Estrangulados por um regime que nos conduz directamente para o abismo, para a derrocada, aliás como o têm feito todos os regimes fascistas, nomeadamente os de Hitler e de Mussolini.
Todo o mundo olha para nós, oficiais do quadro permanente, como verdadeiros agentes do nazismo. Agentes das S.S.
E não podemos de forma alguma evitar essa execranda imagem, se não tomarmos a iniciativa de uma reabilitação, uma redenção aos olhos do nosso povo e dos outros povos do mundo, utilizando a nossa força para derrubar o governo.
Tenho ouvido falar, insistentemente, no abalado prestígio dos oficiais. Pois que esperam vocês daqueles, cujos filhos, irmãos, e noivos são enquadrados por nós, para as guerras de África, donde poderão regressar mutilados, loucos ou mortos?
Que crimes estamos todos a cometer em nome da Voz do Dono.
É preciso que acordemos do pesadelo; é preciso acabarmos de vez com a maldita guerra colonial, que nos consome tudo, incluindo a própria dignidade de militares profissionais de uma país civilizado.
Todas as nossas angústias, ansiedades e neuroses, se situam na tragédia para que fomos e estamos a ser lançados, por um tenebroso conluio, que tem a hipocrisia por fachada e o assassínio por norma.
E nós, que representamos a força das armas, por que esperamos?
E nós, que vemos todos os dias esses exemplos de coragem dos moços universitários?
Desarmados, enfrentam a polícia de choque, e não deixam amortecer um só dia a luta pela Liberdade.
E nós, homens de armas?
É uma vergonha. Devemo-nos sentir envergonhados. É bem feito que nos humilhem e nos olhem com rancor. Somos a armadura da bestialidade e o bastião da brutalidade.
Não tenhamos ilusões: o governo só sai a tiro e os únicos capazes de o fazer sair somos nós; mais ninguém.
Se não o fizermos, a História nos julgará, como julgou os abencerragens de Hitler e com inteira razão.
Não devemos consentir que isso aconteça e que os vossos filhos e os meus netos se tenham de envergonhar de nós.
Impõe-se a Revolução Armada desde já, seja qual for o seu preço e as suas consequências. 

*Luis Ataíde Banazol  .Tenente Coronel em 24 Nov de 1873


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2 comentários:

  1. Consta-se que nesta reunião aquando da intervenção do tenente coronel Banazol o Vasco Gonçalves terá puxado a manga ao Banazol e dito hó camarada tenha lá calma,ao que este respondeu qual calma nem meia calma. Não me recordo a que militar ouvi isto.

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  2. A data no final está errada é 1973 e não 1873. Sorry.

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